O que as perolas nos ensinam?

Durante um atendimento com uma paciente há uns anos atrás, estávamos falando do pavor que ela tinha de procedimentos odontológicos.  Durante a sua sessão ,  ela explicava o seu medo em colocar um corpo estranho (implante) em sua boca.  Falava o tempo todo do seu medo em ‘’rejeitar’’ o metal que iriam inserir no seu osso.  Realmente, não deixava de ser um corpo estranho, mas os benefícios eram bem maiores.   Ficamos  analisando a palavra corpo estranho, e o peso dessa palavra.  Pedi que ela pensasse em uma outra palavra para substituir o significado que o inconsciente dela tinha registrado.  Logo então ela veio com a palavra perola.  Eu fiquei tão surpresa que não conseguia continuar.  Perola.  Perguntei a ela, se ela sabia como as perolas eram formadas.  Não, realmente não lembrava.

 Pois é, ela não poderia ter escolhido uma palavra mais afortunada do que essa.  Expliquei que as perolas são o resultado de uma reação natural do molusco contra invasores externos, como certos parasitas que procuram reproduzir-se em seu interior e esses corpos estranhos perfuram a concha e se alojam em uma fina camada de tecido que protege as vísceras da ostra.  Ao defender-se do intruso, ela o ataca com uma substância segregada pelo manto, chamada nácar ou madrepérola.  Isolando esse invasor, a bolinha perfeita é formada, conhecida como perola.    Após uma cirugia de sucesso, e um implante perfeito, a paciente retornou muito feliz com a sua nova ‘’perola’’.  Pedi a mesma que me permitisse e compartilhasse a sua descoberta nesse breve relato que acabo de descrever.

Nos todos temos ‘’perolas’’ nos nosso inconscientes,  essa perola é uma descarga das nossas pulsões que muitas vezes permanecem lá.  Mesmo esvaziando os sintomas do nosso inconsciente,  o sintoma pode permanecer, mesmo que algumas perolas seja retiradas das nossas mentes, as marcas sempre permanecerão. 
A essa paciente, o meu agradecimento.